quinta-feira, 16 de maio de 2013

CRÍTICA - Uma Ladra Sem Limites



UMA LADRA SEM LIMITES   (Identity Thief, 2013)

As comédias têm cada vez mais dificuldade em separar aquilo que é engraço do que é extravagante. Uma ladra sem limites trabalha no limiar, tentando conciliar personagens esteriotipados e protagonistas talentosos. O resultado é bom, mas não aproveita tudo aquilo que Melissa McCarthy e Jason Bateman têm a oferecer.

A história segue a fórmula das roadtrips, é a tentativa descarada de reproduzir o sucesso de Um Parto Viagem. Mas nesta comparação Uma ladra sem limites já sai em desvantagem, visto que o anterior contava com presença de  Robert Downey Jr e Zach Galifianakis, incontestável na comédia após os papéis de destaque em Se Beber Não Case.

A ideia é a seguinte: duas pessoas totalmente opostas são forçadas a atravessar o país juntas. Uma sucessão de acontecimentos e encrencas as leva a se conhecer melhor e cativa a plateia. Nesta premissa a justificativa para essa viagem quase é esquecida. Jason Bateman é Sandy, um trabalhador dedicado que tem sua identidade roubada por Melissa McCarthy, detentora de vários nomes durante o filme. O enredo é simples, ele precisa ir até a Flórida e trazê-la para casa e solucionar seus problemas legais.

Em meio a escala de problemas que o filme tenta reproduzir, a exemplo de outros tantos, é funcional, mas unicamente porque Melissa submete-se a interpretar cenas grotescas e forçadas, que tendem mais ao ridículo do que ao engraçado. Este clima permanece durante boa parte do filme, até que ela toma as rédeas e surge um pouquinho de drama e talento sob aquela casca criada pelo diretor Seth Gordon.

Melissa McCarthy é sem dúvida superior ao colega Bateman. Ela enfrenta dificuldades em emplacar algo que traga seu nome na capa, anos atrás seu talento como atriz de comédia já era visível em Gilmore Girls, e novamente em Mike & Moly, série na qual é protagonista. Mas em ambas, e também em Uma ladra sem limites, seus papéis são agressivos a aparência, e minimizam o resultado, fazendo piadas geralmente sobre peso e motivações.

O filme vai agradar mais aqueles que conhecem as etnias e estereótipos presentes nos Estados Unidos. Jon Favreau, antigo diretor de Homem de Ferro, faz uma pontinha para interpretar o proprietário de uma empresa que mal sabe o nome de seus empregados e não os valoriza. Junto a isso há o negro, a latina, o pai de família interpratado por Bateman, e claro, a obesa Melissa, entre outros.  Seth Gordon acerta ao brincar com as características extremistas de seus personagens de forma natural, excetuando no tocante a protagonista, dando ao filme um pequeno ar de crítica social.

 Uma ladra sem limites tenta ser um acúmulo de características que permeiam os filme de comédia que obtiveram sucesso de público. Sua premissa é boa e os elementos estão bem claros, mas não consegue extrair de seu casal protagonista aquilo que precisava para ser um filme marcante, acaba tornando-se maçante e pouco digno de elogios.


Diogo S. Campos


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