quinta-feira, 14 de março de 2013

CRÍTICA - Oz, Mágico e Poderoso


Oz, Mágico e Poderoso é a mostra encantadora daquilo que se pode fazer com a tecnologia do cinema atual


OZ, MÁGICO E PODEROSO - Oz, The Great and Powerful


Reencontrar o mundo de Oz no cinema atual, que dispõe de alta tecnologia e efeitos em três dimensões, é encantador. Em Oz, Mágico e Poderoso, Sam Raimi traz para as telas um mundo fictício com a maestria que faltou a tantos outros diretores que tentaram recriar o universo lírico dos contos infantis.

O filme deixa de lado a cativante protagonista Dorothy e seu fiel companheiro Totó, para apresentar ao espectador uma prequela, uma história anterior a chegada da jovem garotinha do Kansas, quando Oz ainda era governado por bruxas tiranas e seu povo corria perigo. Desta vez quem protagoniza é o próprio Oz, ou Oscar, nome de batismo, interpretado por um James Franco fora de sua zona de conforto. Oscar é um mágico charlatão e galanteador, em sua mente tudo o que importa são mulheres e dinheiro, até que em meio a um furacão é mandado para Oz e dado como o salvador profetizado vindo dos céus, passo de onde ele precisa trabalhar suas virtudes para se tornar aquilo que esperam que ele seja: mágico e poderoso.

Sam Raimi brinca com facilidade ao conectar seu filme com o clássico de 1939, O Mágico de Oz. Já no início opta por também começar a película em preto e branco, mas vai além. Mostra ainda a evolução dos formatos, ao começar o filme em Pan & Scan, a forma quadrada de imagem das televisões de tubo, e avançar para o Widescreen assim que o mágico tem o primeiro vislumbre de Oz. O público atual não se impressiona com a mudança do preto e branco para o colorido, embora seja inegável que a tecnologia e o uso contínuo do 3D permitam encantar até mesmo o mais cínico dos espectadores.

Mas o filme limita-se a isso: ao seu encanto. Oz, Mágico e Poderoso tem um enredo que poderia ser contado na metade do tempo, não fossem os apelos visuais. A tomada de sua chegada a Oz dura mais de três minutos, tempo suficiente para deixar enjoado até mesmo os mais acostumados com o 3D.

Outro ponto fraco são as atuações de seus protagonistas, James Franco, apesar do talento que possuí está abaixo de suas capacidades, preso a um personagem que o limita e o deixa pouco confortável. Rachel Weiss e Michelle Williams, apesar de se adequarem com os papéis de Evanora e Glinda, ficam apáticas ao lado de tantas cores e personagem melhores. Já o grande desafio cabia a Mila Kunis, ao encarnar Teodora e ter a responsabilidade de reinventar a mais importante delas. Kunis é fraca, uma atriz que Hollywood insiste em lapidar e apresentar ao público, quer ele aprecie ou não. Suas melhores tomadas são quando a computação gráfica toma a rédeas, tais como cenas de vôo, uso de mágicas ou sua primeira risada maligna.

Em um universo com tantas personagens possíveis a se explorar, quem rouba a cena são dois que não precisam de atores para serem criados. O macaco voador juramentado a Oz é o humor do filme, responsável pelas melhores tiradas cômicas do longa, enquanto a Bonequinha de Porcelana conquista o público pela inocência e meiguice, criada com efeitos especiais e tecnologia 3D que quase permitem o expectador a sentir sua textura. Sem dúvida o resultado daquilo que R$ 200 milhões podem comprar no cinema.

Sam Raimi se redime e abandona grande parte das técnicas usadas em sua trilogia aranha, preocupa-se mais em seguir e honrar o filme original de Oz, do que com suas próprias aptidões e obtém bom resultado. Permite-se brincar com as menções ao O Mágico de Oz, constantes e bem realocadas, mostrando lugares e personagens vindouros sem ser óbvio demais, permitindo apenas a quem tenha assistido o longa de 1939 a enxergá-los. Surpreende ainda a fugir de um final predeterminado, permite a seu estúdio criar uma sequência da prequela ao invés de voltar a Dorothy, e dá algumas respostas, não todas, que permaneciam sobre o mundo de Oz. Oz, Mágico e Poderoso é a mostra encantadora daquilo que se pode fazer com a tecnologia do cinema atual, quando se deixa de lado as preocupações de fazer um roteiro grandioso.


Diogo S. Campos


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