quinta-feira, 21 de março de 2013

CRÍTICA - Dezesseis Luas


O resultado de escritores que aprenderam a fórmula para o romance adolescente. 

Agrada seu público alvo e nada mais.


DEZESSEIS LUAS - Beautiful Creatures


Dezesseis Luas é um produto comercial da Summit Entertainment criado para garotinhas de 14 anos. Ele vem preencher a lacuna existente no mercado atual, movimento natural da cadeia cinematográfica contemporânea, e o faz com sucesso. É coerente naquilo que a fantasia se permite, honra sua mitologia e tem efeitos visuais plausíveis. Agrada seu público alvo e nada mais.

É simplesmente impossível falar de Dezesseis Luas sem citar sua antecessora, a Saga Crepúsculo. E não é para menos, o próprio estúdio o lançou com a intenção de substituir Bela e companhia nas rodas de conversa de colegiais. É nitidamente visível que Margaret Stohl e Kami Garcia, autoras do livro que baseia o filme, deixaram-se levar pela influência de Stephen Meyer, mas felizmente tiveram a decência de não alterar a mitologia de sua temática.

O protagonista da vez é Ethan, o garoto bonitão do último ano do colégio que tem problemas para dormir, e quando consegue pregar os olhos sonha com uma garota que nunca viu. Eis que surge Lena Duchannes, sua amante predestinada, e sem uma explicação plausível eles mergulham no amor mais sincero que duas semanas podem criar. O drama começa quando Lena se revela uma bruxa, ou conjuradora, como prefere ser chamada, e que sob a luz da lua de seu 16º aniversário será chamada para servir ou à Luz, ou às Trevas.

A intenção de fazer um romance adolescente é tão declarada que começa pelo diretor, Richard LaGravenese traz no curriculum filmes como Água para Elefantes e P.S. Eu Te Amo, além de ter dado uma passadinha por Crônicas de Nárnia. Mas não é aí que o filme peca. Seus protagonistas, apesar da idade e do pouco chão decorrido até agora, são ao menos competentes o suficiente para uma atuação plausível, e ainda assim Alden Ehrenreich e Alice Englert dão uma aula de interpretação para Kristen Stewart e o triângulo amoroso dos filmes de Catherine Hardwicke.

O problema está na forma de trabalhar a história, filmes de duas horas de duração costumam ter dois ou três clímax, momentos altos esperados pelos espectadores. Dezesseis Luas peca ao distanciar esse momento, se perde em seu romance adolescente e promete durante mais de 100 minutos um desfecho que, quando finalmente chega, revela-se decepcionante. O enredo é fraco, suas explicações para os grandes mistérios da mitologia são vagas e em alguns momentos até mesmo inexistentes. Mas o filme foi elaborado assim propositadamente, já que se dirige a um público que está dando os primeiros passos em direção ao cinema e a literatura (o que poderia fazer de Dezesseis Luas um longa mais convidativo e elaborado, embora não seja esse o caso).

Louvável ainda é seu elenco de apoio, que em vários instantes toma as rédeas da atuação e alivia a responsabilidade do casal protagonista. Viola Davis e Jeremy Irons são a presença marcante da primeira metade do filme. Jeremy já tem experiência nessa de filmes de fantasia, passou por Eragon e Dungeons & Dragons, nenhum com grande repercussão, mas que o tornam o ator mais experiente da fita. A cena é roubada mesmo por Emma Thompson, na pele da meio cristã devota/meio bruxa maligna. Sua troca de emoções e papéis é brilhante, coroando um elenco de apoio tremendamente superior àqueles que centralizam a história.

Dezesseis Luas é o resultado de escritores e estúdio que aprenderam a fórmula para o romance adolescente, não surpreendentemente fará sucesso e continuará a dar o que falar pelos próximos anos, visto que até mesmo a Amazon elegeu o livro homônimo como um dos melhores de 2009, mas isso não é prova de sua qualidade. Apesar do alvoroço, é um filme fraco e de caráter comercial, que não vai além de cumprir o que se propôs: suceder Crepúsculo.


Diogo S. Campos



Um comentário:

  1. Cara, não sou mt fã da saga dos vampirinhos não... Entao, devo passar longe desse filme.

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